Numa celebração que reuniu quase mil pessoas, o Centro de Formação Mandacaru de Pedro II celebrou 25 anos de ações na convivência com o Semiárido na tarde e noite deste domingo (27.11). O evento reuniu num mesmo espaço convidados que ia desde o ex-funcionário até o público atendido nas comunidades. Estiveram presentes também colaboradores importantes nesse trabalho da Entidade como alguns amigos da Alemanha. A celebração foi dividia em três momentos que incluiu momento solene, celebração eucarística e festa popular. A programação teve início às 13 horas e seguiu até a meia noite. A festa celebrativa ocorreu na quadra da Ecoescola Thomas a Kempis.
A concentração inicial que também serviu de acolhida para as caravanas que tinham das comunidades ocorreu na Praça da Matriz, centro da cidade de onde seguiu em carreata para a Ecoescola.
A partir das 15 hs deu-se início a solenidade com a realização da mística de abertura organizada pelas Escolas Bíblicas.
Na sequência foi formada a mesa de honra onde ocorreram as falas dos convidados. O momento contemplou também o espaço popular onde as pessoas podiam vi até a frente para deixar sua mensagem para o Mandacaru.
A Santa Missa ocorreu às 18 hs também na quadra da escola. Foi celebrada pelo Padre Ladislau João da Silva, tendo como co-celebrante o Padre Bruno da Alemanha.
Durante sua homilia o padre Ladislau lembrou que as organizações que trabalham junto a sociedade devem fazer opção pelos pobres e dizia ele: “O Mandacaru fez essa escolha”. Lembrou também que a Entidade surgiu num momento especial, pois esse é o período do Advento, momento supremo por ser a preparação da vinda do Salvador Jesus Cristo.
A programação da noite foi encerrada com festa popular animada pelo grupo Mistura Fina de Piripiri.
A data de aniversário do Mandacaru é na verdade dia 30 de novembro, mas que por motivo de agendas, como também por ocorrer no meio da semana, a Direção da Entidade fez a opção em comemorar num fim de semana antes.
Um breve histórico do Centro de Formação Mandacaru de Pedro II
O Centro de Formação Mandacaru, entidade sem fins lucrativos, foi fundado no dia 30 de novembro de 1991, com o objetivo principal de “Promover a cidadania dentro da realidade nordestina, atuando no campo do desenvolvimento sociocultural, econômico, religioso e educacional”. Em sua formação original, contou com 11 sócios, tendo como primeiro coordenador, José Pinheiro dos Santos.
O nome Mandacaru foi uma sugestão de pessoas que participavam das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, em referência à resistência do cacto símbolo do semiárido e que, desde o princípio já se configurava como uma marca da instituição: o compromisso resistente e atuante contra um modelo de sociedade excludente, desigual e injusto, propondo, por sua vez, a construção de uma sociedade pautada nos princípios da justiça social, do protagonismo comunitário, da sustentabilidade.
Ao longo destes 25 anos, muitas mudanças ocorreram no cenário geopolítico, impondo novas exigências e adequações aos movimentos sociais, em alguns casos, criando ou refazendo possibilidades. O Centro de Formação Mandacaru, portanto, procurou compreender sempre o contexto e estar sensível às novas demandas. Desta forma, é que houve modificações em algumas linhas de trabalho, mas mantiveram-se aqueles princípios e propósitos iniciais. E a cada ano se fortalece o compromisso com o desenvolvimento de ações de convivência com o semiárido. Compromisso com a proposta de um novo olhar para o Semiárido como local de vida, espaço de construção de um novo modelo de sociedade, de produção, uma nova lógica de desenvolvimento.
Em 2001, uma ação inovadora vem fortalecer este compromisso. A implantação da Ecoescola Thomas a Kempis, escola de tempo integral, que tem como princípio a educação contextualizada, atendendo,prioritariamente, adolescentes e jovens da zona rural. A escola, ao longo destes 15 anos de atuação, vem construindo uma proposta educativa que desperte o sentimento de pertinência a esta região semiárida, promova a autoestima valorizando as culturas e saberes locais e efetive ações que propiciem condições para uma cidadania consciente.
Nesse processo incluem-se também o atendimento as famílias dos alunos no apoio a projetos da agricultura familiar. A Ecoescola atende em média 170 alunos por ano.
Nesta trajetória, tem sido importante o fortalecimento em redes e articulações com outras organizações que comungam das mesmas propostas através da RESAB – Rede de Educação do Semiárido Brasileiro, ASA – Articulação do Semiárido Brasileiro e ANA – Articulação Nacional de Agroecologia entre outras. Também com órgãos públicos e entidades privadas que desejam somar esforços na propagação do paradigma da sustentabilidade.
A colaboração de nossos amigos e grupos da Alemanha, os primeiros a acreditarem e apoiarem um projeto que ainda nem estava bem configurado, mas que nascia de uma forte convicção de que era preciso agir para se construir possibilidades de vida melhor nesta região.